Amazônia perdeu vegetação do tamanho do Chile desde 1985

Amazonas

Uma área equivalente ao Chile, ou 74,6 milhões de hectares, em cobertura vegetal natural deixou de existir nos países que abrangem a chamada região pan-amazônica, entre 1985 e 2020. Nesse período, em sentindo contrário, a mineração cresceu 656%, a agricultura/pecuária aumentou 151%, e a infraestrutura urbana deu um salto de 130%. Esses resultados fazem parte do mais recente levantamento do MapBiomas.

Os dados são referentes a todo o bioma, desde os Andes, passando pela planície amazônica até as áreas de transições com o Cerrado e o Pantanal. Além do Brasil, fazem parte da região Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, as Guianas e o Suriname.

Há 36 anos, pastagens, agricultura, mineração e áreas urbanas ocupavam o equivalente a 6% de toda a região. Em 2020, chegou a 15%. Esse processo não ocorreu de forma homogênea. Em uma ponta, o Suriname, a Guiana e a Guiana Francesa têm a ocupação da floresta por essas atividades de apenas cerca de 1%. Na outra ponta, o Brasil: 19%.

O porcentual da área total que perdeu sua cobertura vegetal original (por ação humana ou incêndios e alagamentos, por exemplo) chega a 17%, explica o coordenador técnico do MapBiomas, Cícero Cardoso Augusto. O Mapbiomas é um projeto que reúne universidades, organizações ambientais e empresas de tecnologia.

Nesse período, 52% das áreas de geleiras, na região andina, que abastecem os sistemas fluviais do bioma também desapareceram. “Esse estudo permite entender o que está acontecendo a Amazônia, o que pode mudar e o que podemos fazer”, diz Cícero.

Gerada por técnicos de cada um dos países que integram a Amazônia a partir de imagens de satélite, o levantamento inclui nessa nova versão a mineração e infraestrutura urbana, além dos vetores de pressão nas florestas e outras coberturas, como concessões de mineração, blocos de petróleo, estradas e usinas hidrelétricas.

A pressão humana sobre a Amazônia e a consequente mudança no uso do solo e queimadas são as principais causas de emissão de gases do efeito estufa no Brasil. Em agosto, o painel climático da Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que até 2040, uma década antes do que era previsto, a temperatura média da Terra deve chegar a 1,5 grau acima dos níveis pré-industriais.

Entre as consequências para o Brasil está a perda da capacidade de produção agrícola causada por estiagens no Centro-Oeste. O mesmo efeito climático se espera no Nordeste e na Amazônia. Para o Sudeste brasileiro, os efeitos esperados são chuvas fortes e enchentes mais constantes. O mesmo relatório afirma que medidas precisam ser tomadas imediatamente para, ao menos, diminuir o impacto das mudanças climáticas.

Pantanal

Na quarta-feira (29), outro relatório do MapBiomas apontou que o Pantanal perdeu 29% de superfície de água, entre a cheia de 1988/1989 e a última, em 2018. Na primeira cheia registrada na série histórica de imagens de satélite analisadas, esse total era de 5,9 milhões de hectares. Em 2018, a área alcançou apenas 4,1 milhões de hectares. Em 2020, esse valor foi de 1,5 milhões de hectares, o menor nos últimos 36 anos.

Como o Estadão mostrou em agosto, o nível do Rio Paraguai vem caindo consideravelmente e a atividade agrícola no Brasil e na Bolívia pressionam o bioma.

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